Uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê o surgimento, no Brasil, de 44 mil novos casos, por ano, de câncer colorretal (de cólon e reto), também chamado de câncer de intestino, entre 2023 e 2025. E desses, 70% estão concentrados nas regiões Sudeste e Sul.
O câncer colorretal ocupa a segunda posição entre os tipos de cânceres mais frequentes no país. De acordo com a coloproctologista Mônica Vieira Pacheco, o número de casos de câncer de intestino está crescendo no Brasil e a maioria dos diagnósticos é feita num estágio avançado da doença.
“Cerca de 85% dos casos são diagnosticados em fase avançada, quando a chance de cura é menor. Por isso, a relevância de campanhas como o “Março Azul”, para alertar sobre o diagnóstico e tratamento precoce”, lembrou.
A doença atinge o intestino grosso (cólon), reto (final do intestino) e o ânus. É mais comum em homens e mulheres com mais de 45 anos ou em pessoas que tenham casos na família.
Alguns dos sintomas de atenção são: emagrecimento repentino, sangue nas fezes, anemias de repetição, cansaço e indisposição, alterações nos hábitos intestinais com diarreias ou constipação frequentes.
Entre os fatores que podem levar ao câncer colorretal estão: idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal, alimentação pobre em fibras e o excesso no consumo de alimentos ultraprocessados. Além do tabagismo, sedentarismo e etilismo.
De acordo com Mônica, países desenvolvidos tendem a apresentar maior número de novos casos desse tipo de câncer. E como o Brasil vem melhorando sua condição socioeconômica ao longo dos anos, a perspectiva é de expansão de casos da doença.
“Isso se explica porque, à medida que as condições socioeconômicas de um país melhoram, as pessoas passam a comer mais alimentos industrializados e ultraprocessados e deixam de comer alimentos com fibras. Então, a falta de alimentos ricos em fibras faz com que aumente muito a incidência do câncer colorretal”, explicou a especialista.
O diagnóstico precoce do câncer de intestino pode ser feito por meio de exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, de pessoas com sintomas sugestivos da doença ou de pessoas sem sintomas, mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
O rastreamento dos tumores de cólon e reto pode ser realizado por meio de dois exames principais: pesquisa de sangue oculto nas fezes e endoscopias (colonoscopia ou retossigmoidoscopias).
Os especialistas ressaltam que todas as pessoas, mesmo que não tenham qualquer queixa relacionada ao aparelho digestivo, devem realizar colonoscopia preventiva a partir dos 45 anos de idade.
“Esse exame possibilita a identificação de pólipos que geram a maior parte dos casos de câncer colorretal, que devem ser retiradas para evitar o desenvolvimento de um câncer no futuro”, afirmou a médica.
O câncer de intestino é uma doença tratável e geralmente curável. A cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos, estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo, dentro do abdômen.
Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, para diminuir a possibilidade de retorno do tumor. O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor.
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