Nestor Mora
Como em toda grande cidade cujo centro urbano concentra uma grande oferta de comércio e serviços, há certa dificuldade em estacionar carros ou motos nas suas ruas e avenidas principais. Em Linhares, o cenário urbano apresenta situação semelhante. Se para os motoristas é, por vezes, difícil achar uma vaga, para os ciclistas sequer há alguma
•• Por conta da ausência de bicicletários, os ciclistas são obrigados a utilizar os postes, placas de sinalização, pequenas árvores e, inevitavelmente, os canteiros recém reformados pela própria prefeitura. Com isso, o acúmulo de bicicletas em locais inapropriados dificulta o trânsito dos pedestres, principalmente, aqueles com deficiência física ou mobilidade reduzida, além de idosos.
A maioria dos ciclistas é composta por trabalhadores que vivem na região periférica do centro comercial e recorrem à bicicleta como principal meio de transporte para chegar ao seu expediente. Além da ausência de bicicletários, os linharenses também reclamam do perigo iminente de acidentes já que as ruas do centro também não possuem ciclovias. Consequentemente, os ciclistas são obrigados a disputar o trânsito com carros, motos e com pedestres desatentos, como observa Daniele, que há dois anos conta com sua bicicleta para chegar ao trabalho: “Às vezes é perigoso transitar nas ruas do centro, pois os motoristas esquecem de olhar para os dois lados ao atravessar um cruzamento e daí a gente tem que contar com a sorte”.
Infelizmente Célia, de 38 anos, não pôde contar com a mesma sorte. A lojista sempre utilizou a bicicleta para se locomover e certo dia, a caminho do trabalho no centro, sofreu um acidente: “O carro me atropelou perto do bairro Araçá, na esquina da farmácia e de um supermercado, ele não olhou na direção que eu vinha. Quando atravessei ele me pegou na pista bem no cruzamento”. Na ocasião, Célia foi encaminhada ao hospital com ferimentos leves e lamentou a perda do seu principal meio de transporte: “minha bicicleta sofreu perda total, mas graças a Deus eu sobrevivi ao acidente”. Flaviane, de 30 anos e moradora do bairro Araçá, também trabalha no mesmo estabelecimento comercial que Célia e da mesma forma foi vítima de acidente por atropelamento a caminho do seu trabalho: “tive lesões leves no corpo e também tive que trocar minha bicicleta”. A possibilidade de se deparar com acidentes é também motivo de preocupação para Meiriane, moradora do bairro Planalto: “Todos os dias eu saio para buscar o meu filho na escola do bairro Araçá e me sentiria mais segura se houvesse ciclovia nas principais vias”.
Em fevereiro deste ano, um projeto foi proposto pela Câmara dos Vereadores e encaminhado para a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social da Prefeitura Municipal a fim de implementar bicicletários de chão e ciclovias nas principais vias do centro. O Projeto sugere a instalação na Avenida Monsenhor Pedrinha, Capitão José Maria, Nogueira da Gama, Comendador Rafael, João Felipe Calmon, Augusto Calmon, Rui Barbosa, Rua da Conceição e demais vias públicas, localizadas no centro da cidade de Linhares.
Segundo o Plano de Mobilidade da Prefeitura de Linhares, a inclusão da bicicleta nos deslocamentos urbanos “deve ser considerada elemento fundamental para a implantação do conceito de mobilidade urbana e para a democratização do uso dos espaços. Esse modo de transporte, entre outros benefícios, reduz o custo de mobilidade das pessoas e contribui para a diminuição da poluição visual, sonora e ambiental”. De acordo com a Secretaria de Comunicação, a prefeitura já implementou algumas “ciclovias” e ciclofaixas” em ruas de maior circulação de bicicletas e que há um estudo finalizado para implementação de bicicletários e ciclovias no centro da cidade.
É importante lembrar, também, que apesar da ausência de bicicletários e ciclovias nas ruas do centro, os ciclistas devem fazer a sua parte para manter a segurança do trânsito e sua integridade física. Além disso, existe o Código de Trânsito Brasileiro (Lei n 9503/97) que considera a bicicleta como um tipo de veículo e por isso está submetida a certos códigos e normas de conduta, dentre direitos e deveres, como a obrigatoriedade para o uso de capacete, além de trafegar nos bordos no mesmo sentido dos carros e motos. Por sua vez, os carros também devem obedecer a outras normas de conduta para transitar de forma segura, prevenindo acidentes, a mais relevante é a de respeitarem uma distância mínima de 1,5 m ao ultrapassarem bicicletas e priorizar sua passagem nas esquinas e cruzamentos.
Matéria publicada na página 07 da Edição do Jornal O PIONEIRO do dia 21 de maio de 2019