Estudantes do IFES promovem manifestação contra PEC 241
- Ívna Ferreira
- Foto: Juliano Cezar
Em resposta à votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 241-A, de 2016, do Poder Executivo, alunos do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), campus Linhares, realizaram, na manhã de ontem, uma manifestação pacífica ao longo da BR-101 e nas principais vias da cidade.
Com cartazes e faixas em punho, e proferindo palavras de ordem, os alunos protestaram contra a proposta que visa o congelamento de verbas nas áreas da saúde e educação por um período de 20 anos. Um primeiro relatório sobre a PEC 241, favorável à aprovação, foi apresentado na terça-feira, na Câmara Federal. A proposta deve ir à votação inicial em plenário, na próxima segunda-feira, dia 10.
Para os estudantes, os Institutos Federais serão os mais prejudicados com a aprovação da proposta. “Essa PEC quer tirar os nossos direitos. Com ela, nós teremos o congelamento de verbas durante 20 anos – período em que serão privados todos os investimentos na educação. Ou seja, o Instituto Federal vai ser muito atingido, pois deixará de existir. O governo não pensa na classe trabalhadora, somente na classe alta que está lá no topo, e que não é afetada por essa PEC 241”, esbravejou a estudante Kemelly Lima.
O ex-aluno do IFES e professor de curso preparatório, Juliano Cezar, também se mostrou resistente à PEC 241. Segundo ele, trata-se de um retrocesso no direito à saúde e educação no Brasil. “Isso é um crime. O Brasil possui 60 milhões de analfabetos funcionais, a educação precisa de mais dinheiro, não de menos. Nossa saúde já vive em um caos e ainda ficaremos 20 anos sem verbas. Isso é absurdo. Proponho cortes nas verbas relacionadas ao parlamento e redução de salários à Casa Legislativa”, propôs em tom de ironia.
Correção do orçamento
Caso a PEC 241 seja aprovada, o congelamento nos investimentos à saúde e educação terá início a partir de 2018. O governo Michel Temer pretende segurar os investimentos a fim de pagar os juros da dívida pública no mercado. A intenção é corrigir o orçamento das duas áreas de um ano para o outro com base na inflação, sem aumentos reais.
Pelo plano do governo, o congelamento por 20 anos será incluído à Constituição Federal, que acaba de completar 28 anos. A aprovação da PEC 241 exige o apoio de três quintos dos votos na Câmara e no Senado, ou seja, 308 deputados e 49 senadores.
Matéria publicada na página 07 da edição do Jornal O PIONEIRO 06 de outubro de 2016