Documento será entregue para análise e aprovação dos órgãos ambientais competentes
•• As primeiras estratégias que serão usadas no manejo do rejeito depositado na Bacia do Rio Doce, de Minas Gerais ao Espírito Santo, após o rompimento da barragem de Fundão foram concluídas na tarde de segunda-feira, 13. Métodos como a divisão da bacia em trechos escalonados por impacto, consolidação de técnicas viáveis de remoção de materiais e procedimentos de recuperação das áreas impactadas são alguns dos resultados obtidos no workshop promovido pela Fundação Renova, cuja terceira e última etapa foi finalizada.
A bacia do Rio Doce foi dividida em 14 trechos, tendo em conta o nível de impacto de cada uma, como grau de assoreamento, mudanças no curso da água e prejuízos à biodiversidade. Foram identificados 8 tipos de deposição de rejeitos ao longo da bacia, definidos a partir da espessura da camada de sedimentos e da composição do solo original.
O plano de manejo apresenta o mapeamento de técnicas de remoção do rejeito que poderão ser usadas, como escavação, dragagem e a retirada manual em locais sensíveis, como no caso da área de Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana (MG). Prováveis modelos de recuperação dos territórios impactados também foram identificados, como a revegetação com gramíneas, técnica necessária para o posterior plantio de espécies mais robustas, e a conformação dos cursos d’água afetados.
A partir do plano de manejo de rejeito, que será entregue em 20 de março para análise e aprovação do Ibama, Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), será desenhado o plano de ação que coordenará a retirada do material depositado no rio e a recuperação das áreas atingidas, tendo em vista o trecho entre Mariana (MG) e a foz do Rio Doce, em Linhares (ES). Os órgãos ambientais integram a Câmara Técnica de Rejeito do Conselho Interfederativo (CIF).
A importância da construção conjunta do plano de manejo, que reuniu 80 profissionais de cerca de 30 instituições, sendo seis órgãos ambientais, cinco instituições de ensino e pesquisas e seis consultorias especializadas, é a agilidade e eficiência que ele trará às ações de remoção e recuperação. Uma vez aprovado, a Fundação Renova poderá lançar mão de todos os métodos nele descritos, sem a necessidade de aprovar cada etapa separadamente junto aos órgãos competentes.
Sobre a Fundação Renova
•• A Fundação Renova é uma instituição autônoma e independente constituída para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da Samarco Mineração S.A., localizada em Mariana (MG). Entidade privada, sem fins lucrativos, garante transparência, legitimidade e senso de urgência a um processo complexo e de longo prazo. A Fundação foi estabelecida por meio de um Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado entre Samarco, suas acionistas, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de uma série de autarquias, fundações e institutos (como Ibama, Instituto Chico Mendes, Agência Nacional de Águas, Instituto Estadual de Florestas, Funai, Secretarias de Meio Ambiente, dentre outros), em março de 2016.
Plano de manejo de rejeitos
3 workshops
80 especialistas
30 instituições participantes, entre academia, órgãos ambientais, consultorias
14 trechos delimitados e 8 tipos de deposição identificados
Matéria publicada na página 3 da edição do Jornal O PIONEIRO 16 de março de 2017