Dados de mercado mostram que 19% do mercado de cigarros do Espírito Santos é dominado por marcas ilegais
Pesquisa Datafolha mostra que 75% da sociedade do Sudeste está ciente de que o comércio de produtos ilegais favorece o crescimento da violência e da criminalidade. O contrabando de cigarros do Paraguai, principal produto contrabandeado, é quem abastece o caixa e financia as atividades das facções criminosas, como o PCC.
Encomendada pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), em parceria com o Fórum Nacional Contra à Pirataria e Ilegalidade (FNCP), a pesquisa inédita revela ainda que 86% dos entrevistados da região acreditam que as altas taxas de impostos sobre produtos fabricados no Brasil favorecem o aumento do contrabandeados no território nacional, principalmente advindo do Paraguai.
Mesmo ciente dessa realidade, quando questionados sobre o consumo de produtos contrabandeados, 25% dos entrevistados do Sudeste admitem o hábito de comprar produtos ilegais, como eletrônicos, roupas, calçados, DVD’s de jogos e filmes e cigarros.
Quase 90% da população do Sudeste é a favor da revisão de impostos sobre os produtos legais para tornar o seu preço mais acessível e mais competitivo em relação aos ilegais. Além disso, metade dos brasileiros acreditam que o governo federal é o principal responsável pela entrada de produtos contrabandeados no país.
Atualmente, 19% do mercado capixaba de cigarros é dominado por marcas ilegais. Entre 2012 e 2015, o mercado de cigarros contrabandeados deu um salto de 6% no estado, enquanto o mercado formal sofreu uma retração de igual proporção. Enquanto marcas como Gifty e Bill são vendidas por um preço médio de R$ 3,77 – abaixo do preço mínimo de R$ 5,00 estabelecido em lei – o estado contabiliza perdas de R$ 75 milhões de reais, apenas pela evasão fiscal entre 2012 e 2015. Perdem, portanto, o governo e a população e ganham os criminosos, extremamente bem-sucedidos em seus negócios, realizados à margem de qualquer Lei.
“O levantamento evidencia que o principal estímulo ao contrabando é a diferença entre o preço, resultado da vantagem financeira que os criminosos têm em função da disparidade tributária entre o Brasil e o Paraguai. Ou seja, é necessária maior fiscalização nas fronteiras do Centro-Oeste e revisão dos impostos sobre os produtos nacionais para que tenhamos plena legalidade do mercado interno e mais segurança”, pondera Edson Vismona, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial.
“A sociedade também está ciente da omissão do Governo Federal e de outras autoridades na entrada de produtos contrabandeados no Brasil e, consequentemente, do aumento da criminalidade, com o tráfico de drogas e de armas”, conclui Vismona.
Além da violência e o tráfico de drogas, o desemprego e a evasão fiscal também são rastros que o contrabando de produtos ilegais deixa por onde passa. Por ano, o Brasil perde cerca de R$ 115 bilhões com o comércio de mercadorias ilegais, montante suficiente para construir 974 hospitais, ou 57 mil creches ou ainda 22 mil escolas públicas.
Matéria publicada na página 06 da edição do Jornal O PIONEIRO 10 de novembro de 2016