Nestor Gomes Mora Cortés
•••• Com uma economia em processo de recuperação, o Brasil continua com uma taxa de desemprego duas vezes superior à média mundial, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Embora haja estimativa de que este índice diminua em 2020, o fato é que até fevereiro o país atingiu cerca de 12,4% de desempregados, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), taxa equivalente a 13,1 milhões de pessoas. Como resultado, observa-se um mercado de trabalho estagnado e bastante concorrido em diferentes áreas e níveis de formação. Dado cenário, portanto, é propício para o crescimento da categoria de trabalhadores informais em zona urbana, qual seja, aqueles que atuam sem vínculo empregatício e de modo autônomo na oferta de produtos e serviços. Trata-se de uma parcela da população que equivale a 23,9 milhões de brasileiros, sendo os homens mais vulneráveis em relação às mulheres, ainda de acordo com o IBGE. Mesmo que o Espírito Santo tenha apresentado menor taxa de desempregados (10,2%) em relação aos outros estados, ainda são 39 mil capixabas desanimados em relação à procura de empregos, número que aumentou 5% desde o ano passado.
Linhares tem assistido, em certa medida, um panorama semelhante refletido pelo trabalho informal no setor de comércio e serviços. Por conta disso, suas ruas tem recebido uma quantidade significativa de camelôs ambulantes buscando seu meio de sobrevivência. É o caso dos trabalhadores pendulares que desistiram de procurar emprego formal e que vivem em regiões próximas à cidade, como Sooretama ou São Mateus, e que todos os dias se estabelecem nas ruas do centro para vender seus produtos na tentativa de ganhar um rendimento mínimo mensal. Existem também aqueles trabalhadores sazonais que se estabelecem em épocas específicas no município, a maioria proveniente da Bahia. Um deles, que não quis se identificar, vende seus produtos na cidade durante 90 dias permanecendo até julho: “por causa da alta do café, aproveito para vender para clientes que chegam aqui para comprar”. Embora também seja da Bahia, o caso de Aldair Novais é mais comum entre a maioria dos camelôs, pois reside em Linhares há 9 anos e sempre trabalhou como vendedor autônomo: “aqui eu consigo fazer uma renda mensal razoável para sustentar minha família”, declara o camelô que possui um filho. Para esta pequena parcela de trabalhadores a informalidade oferece, de certo modo, maior segurança financeira em relação aos pendulares devido a fidelização dos seus clientes.

•• Por causa dos camelôs, comerciantes do centro comercial autônomo de Linhares se dizem prejudicados
Linhares atrai trabalhadores de outros municípios a procura de emprego
•• •• Somente no mês de abril a agência do Banco Nacional de Empregos (BNE) de Linhares ofereceu 207 vagas de emprego para as quais 513 candidatos foram encaminhados. Além dessa oferta de serviço, o BNE ainda registrou novos desempregados totalizando 4115 pessoas atendidas no mês passado. De acordo com a análise do coordenador Alisson Reis, boa parcela de desempregados provém de outros municípios como Sooretama, Rio Bananal, Jaguaré e até mesmo Aracruz: “dependendo do mês, há mais candidatos vindos de fora do município do que os próprios linharenses”.
Assim como no mercado informal, a maior quantidade de desempregados é composta por homens cuja idade é de aproximadamente 30 a 40 anos, “ainda que tenha tido uma alta de candidatos com mais de 50 anos” atribuída ao desemprego de outros membros da família, observa o coordenador. Quanto ao perfil dos empregadores, o setor que mais oferece oportunidades e exige menos experiência continua sendo o de comércio e serviços, seguido pelo setor industrial.
Nesse sentido, embora os empregadores tenham certa flexibilidade quanto à formação e até mesmo na exigência de experiência, as empresas de recrutamento têm se especializado e exigido cada vez mais, chegando a analisar inclusive os perfis dos candidatos nas redes sociais: “por isso, é muito importante que o candidato apresente um currículo objetivo condizente com sua trajetória profissional, além de adotar uma postura e apresentação mais profissional”, frisou Alison.