•• Estudo realizado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), por meio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), apontou o risco de pragas ausentes no País serem contraídas em caso de importação de café da África, da Ásia e até mesmo da América do Sul.
Além das pragas que podem afetar a cafeicultura, há risco de outras pragas que afetam a plantação de diversas variedades virem para o País em decorrência da importação do grão verde. Ao todo, oito pragas foram identificadas como risco para o País e para o Estado.
O estudo, realizado pelos pesquisadores do Incaper Romário Gava Ferrão e José Aires Ventura, foi elaborado devido à possibilidade de o Ministério da Agricultura autorizar a importação de café conilon do Vietnã e de outros países, como da Etiópia e do Peru.
O pedido de importação partiu das indústrias brasileiras de cafés torrado, moído e solúvel sob a alegação de que o mercado interno estaria com a produção baixa e que faltaria grão para atendê-lo.
“Se for autorizada a importação de café conilon da Ásia, da África ou do Peru, onde existem pragas que ainda não foram encontradas no Brasil, sem uma rigorosa análise de risco, é colocar o País em uma situação vulnerável e extremamente crítica que poderá comprometer o importante agronegócio brasileiro que é a produção cafeeira”, destacou o diretor-presidente do Incaper, Marcelo Suzart.
Ainda foi apontada a necessidade de se realizar uma Análise de Riscos de Pragas (ARP), que tem como objetivo identificar os riscos de pragas, avaliar os riscos fitossanitários e estabelecer as medidas para impedir o risco no caso de importação. A ARP é um procedimento reconhecido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), adotado pelos países signatários da Convenção Internacional de Proteção Vegetal (CIPV), bem como do Comitê de Sanidade Vegetal (Cosave), que reúne Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai.
O secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, reforçou o posicionamento do Governo do Estado contrário à importação do Conilon. Além dos riscos fitossanitários, ele destacou que os cafeicultores do Espírito Santo atravessam há três anos a pior seca da história. “Os produtores de café, que é a principal atividade econômica do agronegócio capixaba, tiveram o custo da produção aumentado pela falta de chuva. Não faz sentido importar café para prejudicar quem sofreu nos últimos três anos. E também há estoque suficiente para a indústria. Temos mais de 4 milhões de sacas. Não há risco de desabastecimento”, destacou Octaciano Neto.
O Espírito Santo tem na cafeicultura a principal atividade agrícola, presente em todos os municípios, em aproximadamente 60 das 90 mil propriedades, que envolve mais de 400 mil pessoas e 133 mil famílias, sobretudo, pequenos produtores de base familiar.
Matéria publicada na página 07 da edição do Jornal O PIONEIRO 05 de fevereiro de 2017