Crime Organizado no ES
Há 50 anos morria um dos mitos do Sindicato do Crime no Espírito Santo, o major Orlando Cavalcanti da Silva, que dividia uma guerra de poder com o tenente José Scardua. Os pistoleiros das facções atuavam até dentro dos quartéis da Polícia Militar. Na manhã do dia 26 de fevereiro de 1967, o major, que tinha 36 anos de idade, foi executado por volta das 11 horas, com 15 tiros, dentro do bar do “Carlos Bezerra”, que ficava na Avenida Colatinense, esquina da Rua Paulo Samorini, no centro do distrito de Nova Almeida, no município da Serra, no Estado do Espírito Santo, no Brasil. Orlando era oficial da Polícia Militar do Espírito Santo – PMES formado em 1954.
A execução do major foi a tiros de revólveres calibre 38, desferidos pelos pistoleiros Fausto Ferreira Santos e Antônio Gregório da Silva, vulgo “Toninho”. Segundo versão não confirmada, as balas das armas foram envenenadas pelo farmacêutico Olímpio Andrade. Eles tiveram a cobertura dos pistoleiros Alvaristo Vicente e Josélio Barros Carneiro, este último era também um dos empreiteiros do crime, que deu fuga de carro aos executores. Após a execução do major, foi desencadeada uma série de execução no Estado e em Minas Gerais.
O chefe de Polícia na época, José Dias Lopes, irmão do governador Cristiano Dias Lopes Filho (1967-1971), fez uma investida contra o banditismo e o “Sindicato do Crime” que, segundo contava, tinha até folha de pagamento na qual estavam advogados da capital para defender pistoleiros. O grupo estava dividido: Scardua tinha os apoios da família Barros Carneiro e do “coronel” Bimbim. Os irmãos, Reginaldo, Maneco e Renato Paiva e Antônio e João Pinto eram ligados ao major Orlando. A morte do major não podia ficar impune.
No presídio dentro do quartel de Maruípe, o tenente José Scárdua sofreu um atentado. O bando dos irmãos Paiva usou um dos seus melhores pistoleiros, o soldado PM João da Luz que foi introduzido no quartel como garçom, para servir no rancho dos oficiais e ser escalado para levar o café da noite para o tenente José Scárdua. João da Luz chegou com a bandeja de café, na hora em que o tenente a pegou nas mãos, um revólver surgiu por debaixo dela na mão do soldado, disparando contra o oficial, mas errou e foi preso.
Interrogado, João da Luz confessou tudo, inclusive delatando o nome de quem havia determinado a execução. O grupo do Scárdua devolveu o atentado executando o fazendeiro Reginaldo Paiva, em Baixo Guandu. As mortes de Orlando e Reginaldo e o atentado a Scárdua levou a classe política, à qual eles sempre estiveram ligados, a intervir, buscando encontrar uma trégua entre os dois grupos. Mas em 1971, em Baixo Guandu a paz foi quebrada com o assassinato de Antônio Pinto, tido como um dos mandantes dos atentados ao tenente José Scárdua.
E no dia 3 de fevereiro de 1973, um sábado, na Vila Rubim, em Vitória, o tenente foi assassinado pelo sobrinho de Antonio Pinto, o pistoleiro José Pinto da Rosa, que se disfarçou de mendigo, para se aproximar da barbearia para pedir esmola. Scárdua negou a esmola, deu as costas ao “mendigo” e foi executado. Mais uma vez a intervenção política colocou paz novamente e o Sindicato do Crime foi extinto em 1973 no ES.
Nos últimos 50 anos, nunca a família do major avia se manifestado e desta vez, uma das filhas, Rossana Ferreira da Silva Mattos, 58, que é Sociologa, Pesquisadora e Professora da Ufes decidiu desabafar: “Ao morrer, meu pai tinha 36 anos e deixou 5 filhos, com idades que variavam de 1 a 10 anos. A época eu tinha 8 anos (faria nove em abril). Filho de uma feirante da Vila Rubim, alagoana e descendente de índios, Papai nasceu em Vitória, de uma relação com um homem casado, que nunca o reconheceu como filho, exceto quando era preso por embriaguez. Aí era o pai do Major Orlando. Ou seja, para aquela época, ele era literalmente o “Filho da Puta” o que o marcou para sempre. Entrou para a Polícia Militar por falta de opção, pois apesar de bacharel em direito, não existia emprego. Então sua única saída foi a Polícia. Apesar de inteligente, lindo, doce e gentil, provavelmente em decorrência do fato de ser filho ilegítimo, sua autoestima era muito baixa. Talvez daí a necessidade de se mostrar como invencível, e de se expor sem reservas. Claro que não sou ingênua a ponto de desconsiderar que tomou medidas e praticou ações que repudio. Porém, isso não pode ser analisado sem considerarmos o momento político em que meu pai atuou como oficial da Polícia Militar: coronelismo e banditismo, principalmente entre aqueles que exerciam o poder, conforme citado anteriormente. Era matar ou morrer. Mas não é sobre esse Orlando que quero falar agora, e sim daquele que ajudou muitas pessoas, que até hoje ao saberem que sou sua filha, expressam sua gratidão. Do homem alegre e brincalhão. Por fim, gostaria de reproduzir uma fala de uma pessoa que conversando comigo citou um psiquiatra americano que trabalha com crianças. Ao tentar definir o que seria uma boa mãe, o conceito mais próximo é o de que uma boa mãe pode ser identificada na medida em que seus filhos se sentem amados por ela. Nesse sentido, meu pai foi o melhor pai do mundo. Sei que seu amor por mim era irrestrito e incondicional. Sua doçura e sensibilidade eram até atípicas para um pai daquela época. Por tudo isso, tenho orgulho de ser sua filha, pois apesar de todas as circunstâncias, ao seu modo, ele venceu”.
Regeneração da Mata Atlântica
A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgaram uma avaliação detalhada sobre a regeneração da Mata Atlântica no estado do Espírito Santo. E revelou que uma área que corresponde a aproximadamente 2.177 campos de futebol foi regenerada entre 1985 e 2015. Tal processo de regeneração se deve tanto a causas naturais, quanto induzidas por meio do plantio de mudas de árvores nativas.
Regeneração da Mata Atlântica II
Conceição da Barra foi o município que apresentou mais áreas regeneradas no período avaliado, seguido da cidade de Serra, Ecoporanga, Guaçuí e Mimoso do Sul. A Mata Atlântica cobria originalmente 100% da área do Espírito Santo. Hoje, restam apenas 10,5% desse total.
Regeneração da Mata Atlântica III
Entre os 100 municípios brasileiros que mais desmataram neste mesmo período, o Espírito Santo aparece com três cidades: Linhares (25ª colocação), Mimoso do Sul (40º) e São Mateus (78º). Juntas, elas desmataram quase duas vezes a área da capital Vitória. O levantamento integra o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica – que monitora a distribuição espacial do bioma – e tem patrocínio de Bradesco Cartões e apoio da Arcplan.
Gaiato ironiza governo
Um gaiato (como gostava de falar Lúcio Flavio Villar Lirio) lá dos calçadões do Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, em Vitória, ao saber que o governador Paulo Hartung havia reunido a equipe sob o tema “O que estamos realizando”, ele foi curto e grosso: “nada”. Nem eu, completou!
Os “encostos” de PH
Tirando o secretário “coringa” Paulo Roberto que já ocupou quase todas as secretarias do Estado, os novos “encostos”, ou melhor, os dois novos secretários Rodney Miranda da Secretaria Estadual de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb) e Carlos Castiglione a Secretaria Estadual de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades), foram nomeados hoje pela manhã. Se Chico Honofre estivesse vivo, iria reivindicar uma secretária também.
É devagar, devagarinho
O secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, não gosta de ouvir a música “é devagar”, do Martinho da Villa, porque já sentiu na pele, que está, “devagarinho” a caminho do nordeste, de volta para a terra natal dele!
MKT-SP paga por PH
Segundo a jornalista Fernanda Krakovics, do jornal O Globo, mais uma que foi usada pela empresa de MKT-SP, para escrever que “o Espírito Santo é um paraíso” divulgou em uma matéria “paga”, que o ES foi considerado estado ‘fora da lei’ pelo próprio governador Paulo Hartung, até 2003, quando ele assumiu o governo. Dizem as más línguas que isto é um release que sai de uma assessoria aqui do Estado, vai para o MKT-SP, que tem uma carteira de jornalistas a disposição para escrever bem sobre o governador Paulo Hartung. O crime organizado agora é outro! Mata juiz, advogado e presos!
Não ao café importado
O deputado federal Evair de Melo reforça que o Brasil é a ‘Nação do Café’ e não precisa importar o produto de outros países. Os procedimentos para viabilizar a importação de café estão suspensos. Na noite da última terça-feira (21), o presidente Michel Temer confirmou em caráter oficial a paralisação de todo o processo. Mas para quem não sabe isto é provisório…
Cuidado com o que compartilha
Comentários ofensivos em grupo de WhatsApp geram dano moral. A 5ª câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul – TJRS manteve condenação de um homem por denegrir moralmente mãe e filha num grupo do aplicativo.
Coluna publicada na página 02 da edição do Jornal O PIONEIRO 26 de fevereiro de 2017