PROCURA-SE UM INVENTOR
Não costumo me olhar no espelho e quando tenho de fazê-lo, não me detenho em detalhes. Contudo, a curiosidade de olhar as fotografias que fizeram de mim recentemente, me revelou que minhas pálpebras estão
penduradas, os cantos dos olhos franzidos e o pescoço enrugando. Cética, resolvi conferir as imagens com o original, observando–me por meio daquele objeto com que a madrasta da Branca de Neve conversava.
Infelizmente constatei que as fotos não mentem. Inconformada, segurei os indicadores perto dos lóbulos das orelhas e as levantei, melhorando o contorno do rosto; depois estiquei os cantos dos olhos como se eu fosse japonesa, mas concluí que esse tipo de photoshop natural não funciona.
O que fazer? Passar cola Tenaz no rosto todo dia? Botox? Cirurgia plástica? Dependendo do resultado, eu não sei o que será pior, ficar como um maracujá de gaveta ou com a fisionomia do Cid Moreira. Acho que ainda dá
para aguentar mais um tempo, pois, como eu disse acima, não costumo me olhar no espelho. Ocorre que eu gosto de tomar dois banhos por dia e essas horas eu vejo o restante do corpo: flacidez, veias e celulites novas
nas pernas e estas últimas nos braços também.
A barriga? Essa nem me incomoda, pois é minha queridinha. Como assim? Ora, como posso ter vergonha de algo que é consequência de tanta coisa gostosa e cara como picanha, camarão VG, tortas, cerveja, vinho…?. Sei que tudo está atrelado à lei da gravidade e à perda de alguns hormônios outrora abundantes.
Contudo, os padrões estéticos da modernidade usam argumentos fortíssimos: a saúde e a qualidade de vida. O chato para mim é que as recomendações para manter ou conseguir ambas envolvem coisas que me cansam só de assistira alguém fazendo: caminhada, musculação, Pilates,
ginástica, corrida…
Claro que eu poderia fazer aulas de danças (adoro!), mas como eu penso que meu marido não vai gostar de me ver toda serelepe, dançando com algum professor bonito e sarado (Uai, era para eu querer uma mulher
ou um feioso? Rs,rs,rs…), estou procurando alguém que tenha habilidade para inventar duas coisas especiais: uma máquina e um fluido.
A engenhoca deve ser parecida com aquelas câmaras de bronzeamento e deve possibilitar que eu me deite folgadamente nela. Em seu interior, deve haver saídas de som, para que eu possa programar e ouvir música clássica da melhor qualidade.
A temperatura jamais poderá passar de 27º C, e o seu interior deve ser revestido de esponjas super macias. Pequenos orifícios
nas “paredes” da máquina devem aspergir fluidos milagrosos sobre as delicadas espumas, e essas devem, automaticamente, começar a massagear minha cabeça, tronco e membros, tão suavemente, que me façam arrepiar de prazer e adormecer.
A potência dos fluidos deve ser suficiente para renovar todas as células e a cada duas sessões deverei remoçar um ano. Pelas minhas contas, com 100 sessões eu estarei com tudo esticadinho e durinho, igualzinha a quando eu tinha 17 anos. Claro que alternarei o uso da máquina com o meu marido, porque não adianta ser gatinha com um “gatoso” ( gato idoso), não é?
Só não sei se eu devo escrever o anúncio procurando um inventor, um mágico ou um santo. Rs,rs,rs….
- A autora é licenciada em Letras, Línguas Portuguesa e Inglesa, Especialista em Língua Portuguesa e Mestre em Educação
