•• A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) entregou ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) os relatórios consolidados de estudos feitos sobre os impactos causados às zonas estuarina e marinha da costa capixaba e do sul da Bahia pelos rejeitos de mineração da Samarco, após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), no final de 2015.
Os estudos, coordenados pelo professor Alex Cardoso Bastos, foram feitos a partir da análise laboratorial de materiais coletados durante oito expedições realizadas na plataforma continental norte do Espírito Santo, entre novembro de 2015, quando a lama atingiu a foz do Rio Doce, e dezembro de 2016. Três das oito expedições tiveram apoio direto do ICMBio, que cedeu o navio de pesquisa Soloncy Moura, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sul e Sudeste (Cepsul).
O relatório, denominado Monitoramento da Influência da Pluma do Rio Doce Após o Rompimento da Barragem de Rejeitos em Mariana/MG – Novembro de 2015: Processamento, Interpretação e Consolidação de Dados, reúne informações sobre a qualidade da água, a presença de metais pesados, a contaminação de organismos marinhos, como fictoplânctons e zooplânctons, e a presença de rejeitos depositados no fundo do oceano.
Os estudos mostram que, no período pesquisado, entre a primeira e a última expedição, a lama se espalhou rapidamente no oceano, seguindo na direção norte do litoral e causando fortes danos ao ecossistema marinho. Foram atingidas mais fortemente as regiões de Barra Nova e Costa das Algas, onde o ICMBio mantém uma área de proteção ambiental (APA).
Na do banco de Abrolhos, no litoral sul da Bahia, onde o Instituto administra o parque nacional marinho, houve o registro de micropartículas de ferro, metal ainda muito presente em toda a área atingida, o que indica a necessidade de se manter o monitoramento. Há a preocupação de que os sedimentos, alojados no fundo do mar, possam estar sendo levados, lentamente, para a região pelo movimento das correntes marinhas.
Agora, o ICMBio, que coordena o comitê interinstitucional criado na época do desastre para acompanhar as medidas de proteção à biodiversidade, vai repassar os relatórios para os demais membros, entre eles Ibama, ANA, Anvisa e Institutuo Estadual do Meio Ambiente do Espírito Santo (Iema), para definir as próximas medidas de monitoramento e de recuperação da região contaminada pelos rejeitos.
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