Por Denya Pandolfi Almeida Pieri
•• A paixão pela arquitetura começou cedo, aos 14 anos. Curioso e determinado, o linharense Luciano Xavier dos Santos decidiu dedicar-se à reprodução de prédios e casas que via em anúncios de jornal utilizando materiais reciclados.
Auto-didata, ainda na adolescência começou a traçar seus primeiros esboços a partir de desenhos animados. Em 2006 ingressou no curso de Artes Visuais da Ufes e atualmente, aos 32 anos, vive em Friburgo, na Suiça, onde realiza maquetes de catedrais góticas. Ele já reproduziu 44 catedrais de 13 países, dentre elas Notre-Dame de Paris, Reims e d’Amiens, na França e os Duomos de Florença e Siena, na Itália.
A precisão de detalhes e de proporções resultam em reproduções que chamam a atenção e estão rendendo ao artista convites para exposições, sendo que a próxima será em Berna, de 1 a 10 de dezembro, e ano que vem em Paris, com data a ser definida.
Para as próximas exposições Luciano esta realizando maquetes na proporção 1/200, o que significa que em seus trabalhos, tudo é 200 vezes menor do que o original e as reproduções, que eram feitas em cinza, serão todas em cores. “É impressionante ver o entusiasmo das pessoas diante das maquetes. Atualmente são poucos artistas que utilizam maquetes como forma de expressão artística”, ressalta Luciano. Confiram aqui a entrevista que ele concedeu ao Jornal O Pioneiro:
Jornal O PIONEIRO – Desde quando vive em Friburgo?
Luciano – Já fazem 4 anos que eu resido aqui em Friburgo, na Suíça.
O PIONEIRO – Qual o motivo de sua vinda à Europa (Suiça) e até quando ficará?
Luciano – Deixei o Brasil em 2010 em busca de melhores oportunidades profissionais. Me mudei para França onde morei durante 3 anos, lá trabalhei como desenhista em escritórios de arquitetura e também fazia maquetes. Deixei a França em 2013 para viver uma linda história de amor aqui na Suíça. Deu tudo certo e acabei me instalando definitivamente por aqui.
O PIONEIRO- Quais os materiais que utiliza para realizar as maquetes?
Luciano – Eu utilizo o cartão Paraná para construir a estrutura da maquete depois para os detalhes decorativos (que são vários na arquitetura gótica) eu utilizo palitos de dente, palitos de fósforo e espetinhos. O acabamento é feito com tinta acrílica.
O PIONEIRO- Por que escolheu realizar maquetes de catedrais?
Luciano – Em 2006, ingressei no curso de Artes Visuais da UFES (Universidade Federal de Espírito Santo) e acabei descobrindo as catedrais góticas durante as aulas da disciplina História da Arte. Uma das minhas professoras havia feito seus estudos na França e nos apresentava todos estes monumentos com muito entusiasmo. Decidi então que um dia iria conhecê-los!
O PIONEIRO- Desde quando se dedica a fazer maquetes e como surgiu essa idéia?
Luciano – Sou maquetista autodidata. Comecei a fazer maquetes quando eu tinha 14 anos durante a minha adolescência em Linhares. Copiava os modelos dos vários prédios e casas que eu via nos classificados dos jornais.
O PIONEIRO- Quais as catedrais que já reproduziu?
Luciano – Realizei minha primeira exposição de maquetes em 2005 no IFES (Instituto Federal do Espírito Santo) onde cursei o curso técnico em edificações. Ele se chamava “Arranha-céus”. Foram 8 maquetes dos edifícios mais altos do mundo.
Minha segunda exposição “OPUS FRANCIGENUM: Um olhar brasileiro sobre a arquitetura religiosa gótica” eu realizei aqui na Suíça, em dezembro de 2015. Foram 44 maquetes de catedrais góticas de 13 países europeus. As maquetes eram menores que as atuais, todas fabricadas na escala de 1/500.
A nova exposição se chama “GÓTICO: O tempo das grandes catedrais”. Ela vai ocorrer aqui na catedral de São Nicolau de Friburgo de 1 a 10 de dezembro de 2017. Para 2018 consegui fechar para expor também na cidade de Berna, capital da Suíça, e em Paris, capital da França. As datas ainda serão definidas. A exposição vai contar com 15 maquetes numa escala bem maior, de 1/200. Serão 11 monumentos franceses, 3 monumentos suíços e também vou incluir a catedral de Brasília, do Oscar Niemeyer. Através das minhas pesquisas sobre a catedral de Brasília, descobri que o Niemeyer se inspirou nas grandes catedrais góticas européias para a concepção do projeto.
O PIONEIRO- Qual a maior dificuldade na realização deste trabalho?
Luciano – A maquete mesmo utilizada como meio de expressão artística, como no meu caso, deve representar com fidelidade o monumento escolhido. O público deve reconhecer o monumento através da maquete. Os volumes e as características peculiares do edifício, no caso a catedral, devem ser representados minuciosamente.
O PIONEIRO- Quanto tempo leva até a conclusão e quantas horas por dia se dedica?
Luciano – Uma maquete demora em média 1 mês para ficar pronta. Atualmente me dedico inteiramente a minha nova exposição de maquetes. Trabalho de 8 a 10 horas por dia. Elas são 100% artesanais! Não recorro de forma alguma a impressoras 3D ou a tecnologias do tipo.
O PIONEIRO- Alguma maquete de catedral que ainda não conseguiu realizar e que gostaria?
Luciano – A maquete da catedral de Brasília. Vou realizá-la para a próxima exposição. Acredito que ela vai representar muito bem o Brasil entre as grandes catedrais européias.
O PIONEIRO- Você vende as suas criações?
Luciano – Do meu acervo de 44 maquetes, 35 foram vendidas. Muitos colecionadores e apaixonados por maquetes me procuram e quando percebo que a pessoa realmente valoriza e gosta, eu acabo vendendo.
O PIONEIRO- Quais são seus planos para o futuro?
Luciano – Evoluir e seguir com minha carreira de artista-historiador e maquetista. Continuar a realizar minhas exposições de arte pela Europa e quem sabe um dia poder expor também no Brasil.
Fotos: Divulgação
Matéria publicada na página 4 da edição do Jornal O PIONEIRO do dia 27 de junho de 2017
7 comentários
Parabéns Luciano! Muito bom!
Sucesso
Ótima matéria!
Linharense fazendo cultura na Europa!
Arte linda!!!!!
Que legall
Parabéns Luciano!!!!
Muito bom ver um linharense se destacando
Linharense se destacando internacionalmente!! Maravillha
Parabéns Luciano!! Sucesso!!